por PATRÍCIA JESUS01 Agosto 2009
Como preparar-se para a pandemia? Esta é uma questão que preocupa famílias e organizações, e por isso a Faculdade de Ciências da Nutrição resolveu dar o seu contributo no capítulo da alimentação. A comida saudável não afasta o vírus, mas ajudar a curar a gripe.
Uma boa alimentação não previne a gripe A, mas pode ajudar o organismo a reagir melhor à doença, alertam os nutricionistas. Por isso, a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação do Porto elaborou um guia para ajudar os portugueses a superar a pandemia, disponível na internet.
"Uma pessoa bem nutrida está mais apta a aguentar melhor qualquer doença. Os sintomas são atenuados", explica a nutricionista Maria Daniel Almeida, uma das coordenadoras do guia "Alimentação em Tempo de Gripe". "Qualquer doença infecciosa tem tendência a espalhar-se em corpos subnutridos. Por isso, um corpo bem alimentado está mais protegido", concorda o infecciologista Fernando Maltez. Além disso, também responde melhor à vacinação, acrescenta.
A endrocrinologista Isabel do Carmo explica que as pessoas com distúrbios alimentares, como a anorexia, estão muitas vezes subnutridas e por isso mais fragilizadas. Assim, são pessoas que têm um risco aumentado de apanhar gripe A e terem complicações. "Qualquer doença crónica ou aguda deixa as pessoas mais frágeis à gripe. São duas agressões", acrescenta Maria Daniel Almeida.
No entanto, a alimentação não previne o aparecimento da doença, já que se trata de uma infecção, dizem. Ou seja, por mais sumo de laranja que beba, se entrar em contacto com o vírus H1N1 é provável que adoeça. Isto porque se trata de um vírus novo, para o qual não temos defesas. É por isso que os especialistas temem que adoeça muita gente ao mesmo tempo e se preocupam com a preparação para a pandemia, explica Maria Daniel Almeida.
Assim, este Guia foi pensado para ajudar os portugueses a comer melhor, mas também a organizarem a sua despensa com tempo, de forma a ter em casa o necessário para enfrentar uns dias de isolamento. O livro electrónico inclui informação sobre cuidados alimentares, como organizar a despensa e o frigorífico, além de muitas receitas.
"Preocupa-nos muito o caso das pessoas que vivem sozinhas, sobretudo os idosos, porque se não tiverem redes familiares e sociais de apoio podem ficar numa situação muito difícil", indica a professora da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação do Porto. Por isso, umas quantas refeições preparadas no congelador, umas sopas, podem ser fundamentais para "sobreviver" a uns dias debilitado em casa.
"A gripe é uma doença que requer cuidados alimentares simples", alerta Maria Daniel Almeida. O fundamental é a hidratação, acrescenta. Febre alta, vómitos, diarreia e tosse provocam naturalmente perda de líquidos, o que piora o estado do doente. Por isso, durante a gripe, é essencial manter o corpo bem hidratado: socorra-se de água, sumos, chá, tisanas, leite e iogurtes. E deve beber-se sempre que tiver sede e mesmo que não tenha e tentar chegar aos três litros por dia no caso das mulheres e perto dos quatro no caso dos homens. Por outro lado, há bebidas que desidratam, como as bebidas alcoólicas e as muito açucaradas.
Também é importante que os doentes combatam a falta de energia e falta de apetite típicas da doença. "Os doentes muitas vezes perdem o apetite, mas deixar de comer enfraquece o doente e dificulta a recuperação. Por isso devem fraccionar as refeições, comer pouco e mais vezes ao longo do dia", conclui.
E há mitos que devem ser combatidos. Por exemplo que as bebidas e comidas muitos quentes são boas para combater a Gripe A. Na realidade, as comidas quentes fazem com que o doente transpire ainda mais e desidrate mais facilmente.
Alexandra Bento, presidente da Associação Portuguesa de Nutricionistas, elogia ideia e realça a importância de "consumir alimentos que reforçam as nossas defesas: vitaminas e minerais. Ou seja, muita fruta e hortícolas".
